domingo, 25 de julho de 2010

Verão


                                                                   (Victor Alberto Ribeiro Pereira)


O calor transtorna os sentidos. Não é à toa que não apetece fazer nada. Trabalhar está fora de questão. Resta a consolação de pegar num livro e não o ler. E por este caminho também não se pensa. Se o homem conseguisse pensar em nada... ficava mais vazio, e o calor vem e preenche esse vazio, como uma bola de ar quente. E flutuava... Quando o homem está na praia, deitado a apanhar sol, ou quando se deita na água para nadar, flutua, em pensamentos que são fragmentos, o ar quente traz consigo o som da água e das vozes indistintas, tudo num grande emaranhado de Verão. E isto chega, é suficiente, porque o ar quente preenche todo o resto. Depois vêm as mães atrás dos filhos, os tios, os primos, tudo joga à bola, ou às raquetes que incomodam toda a gente. Apertem-se!!! o espaço cada vez é mais pequeno e eu tenho que ter espaço para o meu vazio.

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